Médico do HSV alerta sobre preconceito, rastreamento precoce e medidas preventivas

Considerado o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele, o câncer de próstata representa 29% dos diagnósticos da doença no país. Os dados são do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e apontam que boa parte da população masculina ainda encara o assunto com preconceito e não realiza os exames necessários para o rastreamento precoce do tumor.

A doença consiste na divisão desorganizada das células do câncer, levando ao aumento da lesão dentro da próstata. Se não tratado precocemente, o tumor pode se propagar para outras partes do corpo, processo conhecido como metástase. O médico urologista do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Martim Correa Bottene, explica que o estágio inicial não apresenta sintomas, dificultando a identificação da doença por parte do paciente. “Os sintomas aparecem quando a doença já está bem desenvolvida. Geralmente o homem observa sangramentos e obstrução do jato de urina, porém, em casos mais avançados, são identificadas dores ósseas”.

Passível de interferência genética, pacientes que possuem casos de câncer de próstata em parentes de primeiro grau, como pai e irmãos, apresentam uma chance aumentada de desenvolver a doença. De maneira geral, a literatura afirma que os fatores de risco para qualquer tipo de câncer incluem hábitos de vida não saudáveis, como sedentarismo, falta de atividade física e alimentação inadequada. “Um estilo de vida saudável sempre vai ser uma medida preventiva, porém o maior fator de risco para o câncer de próstata segue sendo o histórico familiar”, reforça o especialista.

Outro fator genético que influencia no diagnóstico da doença é em casos de pacientes da raça negra. De acordo com estudos populacionais, só no Brasil, cerca de 60% dos casos de câncer na próstata são em pacientes negros. O dado ainda gera dúvidas nos especialistas, já que não existem diferenças biológicas entre as raças. “Buscamos entender, com base na medicina, o porquê desses pacientes possuírem essa tendência maior. Por conta dessa predisposição, é indicado pelos órgãos responsáveis que os homens negros realizem o exame de rastreamento anual a partir dos 45 anos, assim como os que possuem histórico da doença na família. A idade recomendada para a população em geral é de 50 anos”, relembra Bottene.

Rastreamento precoce e Preconceito

O exame de toque retal se tornou o grande vilão da vida dos homens, mesmo que seja, na verdade, a salvação e, muitas vezes, a garantia para um final feliz. O procedimento é rápido e dura em média 10 segundos, além de ser indolor e não trazer riscos à saúde.

Dr. Martim conta que o primeiro exame a se fazer é o PSA para análise sanguínea e depois o toque retal. “É importante salientar que nenhum desses exames faz o diagnóstico, que só é confirmado com a biopsia. Como este último é um procedimento invasivo, nós selecionamos os casos que realmente precisam, pois com base no toque retal e no PSA, já conseguimos detectar alterações em estágios iniciais”.

O especialista ainda relata que, felizmente, o índice de procura por exames preventivos tem aumentado. “Sinto que melhorou muito o preconceito com o exame, mas os homens ainda sentem vergonha por conta do tabu. Por isso, estimulamos e disseminamos campanhas de incentivo como o Novembro Azul, que nos auxiliam com a conscientização sobre a importância do rastreamento precoce, quando o tumor ainda é 100% curável”.

Tratamento

Para o início do tratamento, o paciente realiza uma consulta para saber qual é o grau de avanço do tumor. Existem dois tipos de tratamentos clássicos para estágios iniciais, como explica Dr. Bottene. “Sabemos que com a tecnologia surgiram alguns outros métodos, mas que ainda não foram estabelecidos e nem experimentados, como a congelação da próstata e a radiofrequência. O que nós utilizamos atualmente são as cirurgias e a radioterapia. Já para casos avançados, quando o tumor já passou da próstata e se espalhou para outros órgãos, utilizamos a hormonioterapia, que é um bloqueio hormonal, tirando, teoricamente, o alimento do câncer. A quimioterapia só é indicada para casos onde a hormonioterapia já não resolve mais”.

Cerca de 90% dos casos são diagnosticados em estágios curáveis. Ainda que o dado seja positivo, a chance de um homem ter câncer de próstata ao longo da sua vida é de 10%, reforçando a importância das campanhas de incentivo. Não deixe de realizar seus exames, pois um homem que se cuida, é um homem de atitude!

Fonte / Foto: Hospital de Caridade São Vicente de Paulo